Fausto (1948-2024)

01 de julho de 2024

Delicamente p’ra ti

Foi um prenúncio nascer a bordo de um barco. Não era a nau catrineta, mas o «Pátria». Navegava entre Portugal e Angola. Talvez por isso mesmo, dizia não gostar de viajar. No entanto, fartou-se de o fazer. Nas canções. Intemporais. Sentidas. Populares. Canções que são, hoje, património inestimável da nossa portugalidade (seja lá o que isso for!).

Primeiro, foram Os Rebeldes, depois o GAC, o Zeca, o Zé Mário, o Sérgio, o Adriano, o Cília, o Vitorino e tantos outros, deambulando entre ritmos portugueses e africanos. Licenciado em Ciências Políticas e Sociais fez da cantiga uma arma de protesto e, depois, de intervenção. Sempre com um rigor musical extremo. A roçar a perfeição! Onde a palavra sente-se bem tratada. Com elevação. E profundo respeito.

Para todo o sempre ficará a lusitana diáspora, em 3 capítulos. E, porque atrás dos tempos vêm tempos, ficará, também, a Rosalinda, a Judite, a Rosie, o Coça-Barriga que, no tempo dos tamarindos, habitaram uma terra de alquimistas, em que uns vão bem, outros mal. E o ajuste de contas com a nova brigada dos coronéis de lápis azul está aí, pró que der e vier. Dizem que foi por ela que se foi embora. Terá sido. Mas o que é certo é que o cantor maldito deixou-nos a todos a dançar a valsa em pontas, numa ópera mágica, para além das cordilheiras.

Fausto Bordalo Dias, confesso que tenho um fraquinho por ti!



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