BCE - MEC insiste em colocar professores através da BCE

BCE já provou ser desastrosa para escolas e docentes

O Ministério da Educação e Ciência, através da DGAE, apresentou à FENPROF o conjunto de procedimentos relativos à Bolsa de Contratação de Escola (BCE) que pretende aplicar para o ano 2015-2016 (conforme documento em anexo), incluindo os subcritérios da “Avaliação Curricular” nela implicados, insistindo numa modalidade de recrutamento que já provou ser absolutamente desajustada para os fins a que se destina, isto é, satisfazer as necessidades de contratação das mais de 300 escolas que são Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP) e/ou têm Contratos de Autonomia celebrados com o MEC.

Recorde-se que foi a aplicação da BCE no ano escolar em curso que, para além dos avultados prejuízos que causou a milhares de professores – de modo algum assumidos pelo MEC –, determinou a ocorrência, ao longo de quase todo o primeiro período letivo, de atrasos intoleráveis na colocação de professores, de até um mês e meio após a formulação do correspondente pedido por parte das escolas, conforme o confirmou um estudo realizado pela FENPROF, publicamente divulgado e enviado ao MEC.

Estes atrasos, que a própria DGAE não só reconhece como confirmou à FENPROF, tiveram a sua origem, sobretudo, em algo que nenhum aperfeiçoamento técnico poderá plenamente contornar: a ocorrência de múltiplas colocações (situações em que um mesmo professor é selecionado simultaneamente em mais do que uma escola), que, cumprindo-se a lei, são inevitáveis nesta modalidade de concursos. Ora, não será pela antecipação da constituição das diversas BCE que este problema será solucionado. Aliás, mesmo que o MEC determine a constituição das BCE a partir de amanhã, o que estará a fazer será, apenas e somente, a antecipar a constituição de listas de candidatos e não o processo da sua seleção, que só poderá ocorrer a partir de setembro, pois terá de aguardar pela publicitação dos resultados dos concursos nacionais de mobilidade interna e de contratação inicial, prevista, na melhor das hipóteses, para o final de agosto, mas que, nos dois últimos anos, até já só ocorreu nos dias 12 e 9 de setembro, respetivamente.

Também não será pela alteração dos subcritérios que o MEC agora propõe que as múltiplas colocações deixarão de suceder. Ademais, com os subcritérios agora propostos, o MEC reincide na validação de muitos em que, sob a capa de uma alegada objetividade, se esconde uma flagrante quebra do princípio de equidade entre candidatos ao acesso a postos de trabalho que são públicos, a que o Estado está obrigado.

Assim, em parecer que enviou, hoje, à DGAE, que também se anexa, a FENPROF reafirma a sua firme oposição a todas as formas de contratação de escola, incluindo a BCE, e a defesa do sistema de colocação a partir de listas nacionais ordenadas em função da graduação profissional – concurso nacional.

Para a FENPROF, a insistência num modelo de recrutamento como o da BCE, que, para além das quebras de equidade, objetividade e transparência que lhe estão associadas, é mais lento a colocar professores nas escolas do que o concurso nacional, constitui a confirmação de que o Governo e o MEC, além de revelarem um enorme desrespeito pelos professores, colocam a sua obstinação política à frente dos superiores interesses das escolas públicas e da qualidade da resposta educativa que proporcionam aos seus alunos.

A FENPROF não pode deixar, desde já, de responsabilizar o MEC por todos os problemas que possam, mais uma vez, surgir no início do ano letivo em matéria de colocação de professores, recordando que as contratações de escola deram sempre problemas ao longo da legislatura, chegando a afetar, por contaminação, o regular funcionamento dos concursos nacionais.

Face à obstinação do atual governo/MEC em prosseguir neste trajeto de ataque à qualidade da escola pública, ignorando, também em matéria de colocação de professores, os ensinamentos que as consequências das suas más opções lhe proporcionam, a FENPROF já conta os dias até ser devolvida ao povo a oportunidade de escolher um outro caminho, onde, em defesa do sistema público de educação e ensino, se reforce o papel do concurso nacional assente na graduação profissional e se remeta a contratação de escola ao papel, que já teve, de resposta apenas às situações residuais em que se tornava necessária. Pela sua parte, a FENPROF nunca deixará de bater-se por esta causa.

 

O Secretariado Nacional da FENPROF

Anexos

Parecer da FENPROF sobre os subcritérios da Bolsa de Contratação de Escola 2015_2016 Documento apresentado pela DGAE

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