Salários dos docentes portugueses abaixo da média da OCDE (2006)

27 de setembro de 2007

Estudo confirma que salários dos docentes portugueses estão abaixo da média da OCDE

Os dados divulgados publicamente sobre o estado da Educação nos países da OCDE, confirmam o que a FENPROF tem afirmado e contraria o que o Governo gostaria que fosse verdade: os salários dos professores e educadores portugueses situam-se abaixo da média dos de outros países.

 

Na verdade, o estudo agora divulgado refere que no ingresso na carreira e nos escalões intermédios, os salários dos docentes portugueses situam-se abaixo da média dos salários praticados nos países da OCDE e só no final ultrapassam esse nível médio. Contudo, e isso não é referido mas corresponde à verdade, ao longo de toda a sua vida profissional (actualmente de, pelo menos, 40 anos de serviço) os professores e educadores em Portugal auferem um rendimento inferior ao da média dos seus colegas de outros países.

 

Releva ainda o facto de, em Portugal, o acesso ao topo da carreira demorar mais anos para ser atingido do que acontece, em média, nos países da OCDE (26 em Portugal e 24, em média, na OCDE). Apesar dessa desvantagem, os docentes portugueses vêem-se agora confrontados com uma proposta do Governo que pretende aumentar para 32 essa duração e restringir a um universo muito pequeno (entre os 10 e os 20% dos docentes) o acesso aos três níveis remuneratórios mais elevados, o que não acontece nos restantes países.

 

Por fim, quanto a um eventual aumento dos salários no início de carreira, é uma ilusão criada pelo discurso demagógico da Ministra da Educação que compara o incomparável. Na verdade o que se prevê é a eliminação dos escalões mais baixos (1º e 2º) por se referirem exclusivamente a docentes "bacharéis" que, por força da alteração à Lei de Bases do Sistema Educativo, em 1998, deixaram de existir em princípio de carreira, porque apenas nela ingressam os docentes habilitados com o grau de licenciatura.

 

Amanhã, dia 14 de Setembro, na Conferência de Imprensa que a FENPROF promoverá no Porto (sede do Sindicato dos Professores do Norte, pelas 16.00 horas), os aspectos salariais, como outros relacionados com a revisão do Estatuto da Carreira Docente serão devidamente esclarecidos com dados que permitirão compreender que atrás do discurso dos responsáveis do ME e dos dados que apresentam de forma distorcida, está a intenção de avançar com um projecto de revisão do ECD que levaria, a ser aprovado, à desvalorização real e muito significativa dos salários dos professores e à perda de direitos importantes e inalienáveis, alguns com consagração constitucional.