Exames — Professores em sobrecarga de trabalho!
16 de junho de 2025
A imposição dos exames como ferramenta central de avaliação não garante a qualidade educativa, antes promove injustiças, vícios e desigualdades, pondo em causa os princípios de uma escola pública, democrática e de qualidade, ao mesmo tempo que serve objetivos de mercantilização nas áreas da educação e do ensino. É, por isso, urgente mudar o paradigma, até porque os professores não podem continuar a suportar esta sobrecarga!
No dia 7 de junho, tem início a primeira fase de exames nacionais de ensino secundário que terminará no dia 30 de junho. Dia 20, terá início a primeira fase de provas finais do ensino básico. Neste período, marcado por um esforço intenso de toda a comunidade educativa, as escolas encontram-se envolvidas num processo de aferição de resultados cuja lógica e impacto têm sido alvo de crítica por parte da Fenprof.
No 15.º Congresso Nacional dos Professores, recentemente realizado, os docentes foram claros — os exames têm vindo a assumir um peso excessivo na avaliação dos alunos e a condicionar negativamente o funcionamento do sistema educativo. Denunciou-se a forma como os exames têm sido manipulados para alimentar rankings ao serviço de interesses privados, bem como o seu papel na sobrecarga e no condicionamento do trabalho docente. A Fenprof reafirma que não basta rever o atual modelo — é urgente construir uma verdadeira alternativa.
Ciente da realidade, a Federação, sem abdicar da luta por uma escola sem exames como horizonte reivindicativo, acompanhará, como sempre, o processo de exames em todas as suas fases e dimensões, especialmente no que respeita às condições de trabalho proporcionadas aos professores envolvidos em tarefas de conceção, supervisão, vigilância, coadjuvação, classificação e organização.
É urgente garantir condições que mitiguem a sobrecarga a que os docentes estão sujeitos, em particular no processo de classificação de provas, exigindo:
- a revisão dos critérios de seleção dos classificadores, com procedimentos claros e uniformes para todas as escolas, garantindo rotatividade entre docentes;
- o aumento do número de classificadores, assegurando igualdade e proporcionalidade na sua distribuição;
- a limitação a 25 provas por classificador, com tempo adequado para a sua correção;
- a excecionalidade na atribuição de múltiplas tarefas, evitando acumulações excessivas por fase, disciplina ou componente;
- critérios justos para atribuição de dias de compensação, em função do volume de trabalho;
- o cumprimento rigoroso dos direitos laborais dos classificadores, com orientações claras por parte da tutela;
- o pagamento atempado de ajudas de custo e despesas de transporte;
- a retoma do pagamento pelo serviço de classificação de exames, injustamente suspenso.
Estas medidas, a aplicar a todos os professores envolvidos na classificação de provas — sejam exames finais, provas finais de ciclo ou provas ModA —, constituem um primeiro passo para mitigar o desgaste crescente de uma classe que tem dado provas de compromisso e profissionalismo, mesmo perante o aumento desmedido das exigências.
A Fenprof reafirma — é tempo de respeitar quem trabalha nas escolas! É tempo de valorizar a profissão docente com medidas concretas. É urgente e inadiável a “Valorização, Já!”, do Estatuto da Carreira Docente.