DEFENDER
A ESCOLA PÚBLICA
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5ªfeira,
25 de Setembro, 18h
Faculdade
de Psic. e C. da Educação do Porto
(ao Campo Alegre)
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Sessão
Pública de apoio à Escola da Ponte
Faculdade de Psicologia e Ciências da
Educação
Porto
Mesa:
João
Barroso
José Alberto Correia
José Pacheco
Manuel Sarmento
Pedro Bacelar Vasconcelos
Rui Canário
Rui Trindade
TORNAR
MAIS PÚBLICA A ESCOLA PÚBLICA
A Escola da Ponte é uma escola pública de “qualidade
reconhecida”, com um projecto pedagógico sólido e
inovador, com um forte envolvimento da comunidade, em particular dos pais,
e com um sentido activo e responsável de autonomia institucional.
Há razões de sobra para que qualquer governo interessado
na melhoria do serviço público de educação
garanta a continuidade do projecto desta escola (mesmo que para isso seja
necessário “investir” mais).
A Escola da Ponte é um bom exemplo para mostrar que as soluções
para os problemas da educação não passam pela sua
privatização, mas sim, pela capacidade de tornar mais pública
a escola pública, promovendo um serviço educativo justo
e de sucesso para todos, fazendo da participação dos alunos,
dos professores e dos pais um exercício permanente de cidadania.
Em vez de “dar a cada escola o seu público” é
preciso que cada escola se abra à diversidade dos seus públicos,
o que só é possível se for intransigente no reconhecimento
dos seus direitos e se for solidária com as suas necessidades,
interesses e anseios.
Como é do conhecimento geral não é esse o entendimento
dos responsáveis pelo Ministério da Educação
e por isso o projecto educativo da Escola da Ponte está ameaçado.
A originalidade, importância e visibilidade internacional da acção
educativa que vem sendo conduzida, há 27 anos, nesta escola aconselharia
mais cautelas na decisão. Destruir os bons exemplos de escola pública
pode ser uma maneira de criar, artificialmente, um mercado para a escola
privada.
É por isso que é preciso ler este “ataque” do
governo à Escola da Ponte, não como um mero contencioso
administrativo-financeiro sobre a melhor maneira de gerir a rede escolar
e poupar custos de funcionamento, como os responsáveis do Ministério
da Educação querem fazer crer, mas sim como uma divergência
profunda sobre a necessidade de preservar e desenvolver a escola pública
e qual o papel que o estado deve assumir com esse fim.
Manifestar solidariedade aos alunos, pais e professores da Escola da Ponte,
defender o direito à continuidade do seu projecto, exigir o apoio
do governo ao desenvolvimento desta e de outras iniciativas inovadoras
no seio do ensino público não pode ser visto como uma atitude
de mera resistência conjuntural que se esgota no destino que tiver
este episódio.
O que está em causa, com o exemplo da Escola da Ponte, é
a defesa da “escola pública” e a busca de modelos de
governação da educação que não estejam
limitados a optar entre, por um lado, uma administração
centralizada, planificada e hierarquizada e, por outro, um mercado descen-tralizado,
concorrencial e autónomo. A Escola da Ponte (para lá do
mérito próprio das soluções organizativas,
curriculares, pedagógicas que desenvolveu) é um exemplo,
entre outros, da emergência de novos espaços de produção
política (enquanto lugares de legitimação, escolha,
invenção de normas, construção de projectos
e tomada de decisão) que interpelam a acção do estado
e da sua administração. Não para diminuir ou fazer
desaparecer a sua acção, mas para renová-la, com
o fim de compatibilizar o desejável respeito pela diversidade e
individualidade dos cidadãos, com a prossecução de
fins comuns necessários à sobrevivência da sociedade
– de que a educação é um instrumento essencial.
Assine
o MANIFESTO
DE APOIO À ESCOLA DA PONTE
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