2011 — Basta de silêncio e passividade! (1/out)
No dia 1 de Outubro, os trabalhadores portugueses, e a população em geral, vão expressar nas ruas de Lisboa e do Porto a sua indignação perante a continuidade de soluções para a crise assentes sempre no mesmo princípio: mais e mais sacrifícios pedidos aos mesmos, os trabalhadores e as suas famílias. Até onde pensam os nossos governantes que o povo aguenta esta escalada?
Não restarão já dúvidas a ninguém de que o pedido de mais sacrifícios é sempre endereçado à classe trabalhadora e de que, quando se pensa em taxar os mais ricos e as grandes fortunas, logo se desiste da ideia.
Mas, afinal, onde nasceu a crise, quem a provocou e quem ainda se prepara para lucrar com ela? Os trabalhadores não são, seguramente.
Cada vez que vemos Passos Coelho, de sorriso rasgado, a apertar a mão a Angela Merkel, logo percebemos que foi mais uma vez ao beija-mão e receber novas instruções sobre cortes nas despesas públicas, mais despedimentos, novos abaixamentos de salários, mais cortes na Segurança Social e ou outras quaisquer “soluções” que estes figurões não se cansam de inventar.
O documento da CGTP-IN sobre a política reivindicativa para 2012 refere que “a política de austeridade conduziu já o país a uma nova recessão, com início no quarto trimestre de 2010. Isto é, mesmo sem a aplicação de medidas, ainda mais gravosas, previstas no Acordo (das troikas). O que é revelador de uma contradição de fundo entre a política para reduzir a dívida e o crescimento: quanto maior for a austeridade, mais se reduz a actividade económica e mais aumenta o peso da dívida”.
A central sindical considera que existem “três eixos fundamentais, nos quais se inserem as reivindicações mais prementes para 2012:
- a melhoria do poder de compra dos salários e das pensões, para dinamizar a procura interna, criar empregos e desenvolver o país;
- o trabalho seguro e com direitos, como factor do desenvolvimento do país;
- a segurança e a protecção social, como instrumentos essenciais para a coesão da sociedade”.
Afirmar estas exigências também na rua, e de forma massiva, é um direito incontornável do povo português, conquistado em Abril de ‘74. Gostem ou não os nossos governantes, inesperadamente demonstrando grande desorientação perante o anúncio de lutas próximas.
Paulo Portas considera ilegítimas, à partida, quaisquer greves que venham a realizar-se. Passos Coelho vai mais longe e fala em tumultos e que alguém(?) quer “incendiar” as ruas. Estão nervosos, certamente, e também por isso há que lhes demonstrar que estamos em Portugal e que os trabalhadores portugueses saberão usar todos os direitos constitucionais que a democracia lhes reserva.
E porque sabem que há outras soluções para o combate à crise que não criaram, os trabalhadores vão encher as ruas de Lisboa e do Porto no próximo dia 1 de Outubro. O Sindicato dos Professores do Norte lá estará, como é seu dever e sua prática habitual.
Abel Macedo
Direcção do SPN