1.º CEB — Fenprof esteve no MEC e vai ao CNE (2013)

22 de julho de 2013

Questão também muito importante e preocupante para a Fenprof, colocada na reunião, foi a situação do 1.º Ciclo do Ensino Básico..

Na ânsia de conseguir despedir os docentes contratados das AEC e provocar ainda maior número de horários-zero neste grupo de professores onde existe já o maior número de docentes na situação, o Ministério da Educação impõe medidas que poderão provocar uma verdadeira implosão do setor (afinal, tanto ao gosto do atual ministro):

  • Serão as escolas que decidirão se os intervalos (pausas letivas) serão ou não consideradas para efeito de contabilização da componente letiva.
  • Os professores titulares de turma poderão ter as 25 horas preenchidas com a turma.
  • Os professores com as 25 horas letivas na turma poderão, ou não, ser coadjuvados (o que dependerá da existência de recursos nas escolas).
  • Os professores coadjuvados poderão, ou não, permanecer nas turmas durante o período de coadjuvação.
  • Caso não permaneçam nas turmas, poderão ser desviados para as AEC ou outras atividades.
  • Os professores titulares da turma poderão estar apenas 17 horas com a turma.
  • Contudo, se tiverem permutado com outro colega a lecionação de Matemática e Português, poderão apenas permanecer 10 horas com a turma de que são titulares.

Em suma, o 1.º CEB, dependendo não da autonomia das escolas, mas dos seus recursos (porque não estão autorizadas a contratar outros docentes para este efeito), poderá funcionar em regime demonodocência pura e dura, de monodocência coadjuvada ou de pluridocência mitigada, sendo que o professor titular da turma (que ministros anteriores chegaram a achar que, por razões pedagógicas, deveriam manter-se como professores-tutores até ao 6.º ano de escolaridade) poderá exercer a sua atividade, logo a partir do 1.º ano de escolaridade, em efetivo regime de part-time para com a turma de que é titular.

Esta é uma irresponsabilidade que a Fenprof irá combater, exigindo um debate sério sobre o futuro do 1.º CEB no que respeita aos aspetos organizacionais deste setor de ensino, bem com em relação ao regime de trabalho dos professores do 1.º CEB. A Fenprof rejeita alterações avulsas, como as que estão a ser feitas. Repudia este comportamento do MEC que considera os professores do 1.º CEB como “pau-para-toda-a-obra”. Rejeita, ainda, o agravamento do horário letivo dos docentes do 1.º CEB pelo que apela às escolas que mantenham a regra de os intervalos serem contabilizados como integrando as 25 horas de componente letiva.

Na sequência destas posições e da denúncia agora feita, a Fenprof irá contactar diversas entidades no sentido de obrigar o MEC a respeitar os compromissos que assumiu nas negociações, bem como a impedi-lo de, irresponsavelmente, avançar com medidas para o 1.º CEB que, para além de poderem criar graves desigualdades e assimetrias, poderão pôr em causa a própria organização pedagógica deste importantíssimo setor de ensino.

Assim, a Fenprof reunirá já na próxima segunda-feira, dia 22 de julho, com a Presidente do Conselho Nacional de Educação, pelas 11 horas, recordando que o CNE manifestou profundo desacordo face às alterações curriculares propostas pelo MEC, mas que este ignorou completamente; irá ainda enviar aos grupos parlamentares as posições agora assumidas, no sentido destes poderem intervir rapidamente em torno destas questões.

A manterem-se estas medidas, a Fenprof, logo que se inicie o próximo ano letivo, procurará, em convergência com todas as organizações sindicais de professores, voltar a mobilizar todos os docentes para uma luta que, confirma-se agora, para a atual equipa ministerial da Educação, parece ter sido insuficiente.

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