Professores classificadores solidários à força!

24 de janeiro de 2025

A realização de provas-ensaio no 4.º, 6.º e 9.º anos  das quais a Fenprof discorda profundamente —, que constam no programa do governo, terá como classificadores uma “bolsa solidária de professores […] previamente indicados pelos diretores”. Ora, por se tratar de uma atividade que nada tem de solidário e tem tudo de trabalho forçado, a Fenprof irá acrescentar esta atividade à lista das que integram os pré-avisos diários da greve ao sobretrabalho.

O Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI), concretizando um dos aspetos que consta no programa do governo, vai avançar com a realização de provas de final de ciclo (4.º, 6.º e 9.º anos). Assim, durante o mês de fevereiro, realizar-se-ão provas-ensaio às quais é dado um cariz de exame, com o Júri Nacional de Exames (JNE) a enviar às escolas as normas de organização e estas a terem de constituir “secretariado de exames” e indicar vigilantes e classificadores. E o mais curioso, digamos caricato, é o que consta do ponto 9.4 do “Guia para a realização das provas-ensaio”, enviado pelo JNE às escolas:

A classificação dos itens das provas-ensaio compete à bolsa solidária de professores classificadores, organizada em cada agrupamento do JNE e constituída pelos professores previamente indicados pelos diretores dos agrupamentos de escolas, escolas não agrupadas e estabelecimentos do ensino particular e cooperativo e que estejam a lecionar o ano de escolaridade em que se aplica a prova-ensaio”.

Trabalho solidário ou trabalho forçado?

Ora, estando em curso o ano letivo, o JNE, certamente com o aval do MECI, vem dizer que haverá uma “bolsa solidária de professores classificadores” que foram “previamente indicados pelos diretores”. Não se trata, portanto, de uma atividade em que os professores se apresentam voluntariamente (o que já seria criticável), mas de uma tarefa (mais uma!) que é atribuída aos docentes em cima de todo o trabalho que já têm. Ainda assim, deveria ser considerado trabalho extraordinário, mas não é. Embora indicados pelos diretores, estes professores classificadores integrarão uma bolsa solidária, mas… solidária com quem ou com quê? Com as políticas e a obstinação do governo em realizar provas e exames desde o 1.º Ciclo do Ensino Básico?

Face a esta verdadeira aberração, a Fenprof irá, naturalmente, acrescentar mais esta atividade que nada tem de solidário e tem tudo de trabalho forçado, à lista de atividades que, ao longo do mês de fevereiro, faz parte dos pré-avisos à greve ao sobretrabalho.

Quando se fala em respeito pelos professores, fala-se da carreira, das condições de trabalho, mas também se fala destes abusos a que os professores continuam sujeitos, face a uma tutela que não respeita o trabalho dos profissionais!


Foto: Freepik, donwload gratuito

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