Maria Teresa Horta (1937-2024)

04 de fevereiro de 2025

Faleceu a última das três marias. Em Lisboa. Poetisa, escritora, jornalista, ativista, feminista, lutadora pela liberdade, despede-se um dos nomes mais notáveis do nosso tempo. Tinha 87 anos.

Maria Teresa Horta frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi dirigente cineclubista, jornalista de “A Capital” e da “Mulheres”, estreou-se na poesia no primeiro ano da sessenta, escreveu romances e contos, foi militante ativa nos movimentos de emancipação feminina. Foi agraciada múltiplas vezes, culminado com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade (2022).

Eleita, pela BBC, como uma das “100 mulheres mais influentes e inspiradoras de todo o mundo” (dez/2024), Teresa Horta deixa uma obra notável, com destaque, naturalmente, para “Novas Cartas Portuguesas” (1972), escrito em parceria com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. O livro denuncia a opressão e a violência exercida sobre as mulheres, pelo Estado Novo, num registo de repressão ditatorial próprio de um regime fascista, pontificado por um patriarcado católico exacerbado, profundamente inibidor da condição da mulher. Denuncia, também, a realidade de um país que vive uma guerra colonial e convive diariamente com a emigração e a pobreza. Não admira, pois, que o livro tivesse causado um enorme embaraço ao Estado Novo, fosse censurado e proibido. E as autoras sujeitadas a um julgamento (o processo "Três Marias"). Visto daqui, “Novas Cartas Portuguesas” é, indiscutivelmente, um marco na literatura portuguesa. Mas também na história do feminismo. É uma espécie de manifesto de oposição ao regime fascista. Um apelo à luta pela liberdade!

A Direção do Sindicato dos Professores do Norte (SPN) rende-lhe respeitada homenagem e endereça à família e amigos a sua solidariedade. Manifestando os mais sentidos pêsames.


Foto inserta em sapo24.pt (não identificada)