Falta de professores agrava-se e alastra!
17 de dezembro de 2025
Tal como a Fenprof tem vindo a alertar, agrava-se a falta de professores, com a consequente existência permanente de muitos milhares de alunos sem aulas. Os números provam-no e evidenciam que o problema deixou de ser localizado assumindo uma expressão claramente nacional. Perante este cenário, a Federação acha que Fernando Alexandre é “um ministro que insiste em ignorar a gravidade da falta de professores [...] que tenta legitimar a continuidade de políticas que degradam a escola pública”.
Ao longo do primeiro período letivo, estiveram em contratação de escola 13 446 horários, o que corresponde a mais de 174 mil horas por lecionar, quando, no mesmo período do ano letivo anterior, esse número se ficara pelos 9696 horários. Trata-se de um aumento expressivo (38,7%), que traduz um problema estrutural profundo e que se agrava de semana para semana: a falta crónica de professores, com a consequente existência permanente de muitos milhares de alunos sem aulas.
Em vários agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas (AE/EnA), o numero de horários em falta ultrapassa a centena, enquanto à escala regional se registam milhares de horários por preencher. Lisboa apresenta a situação mais grave, com 5285 horários em falta, seguindo-se Setúbal, com 1975, Faro, com 1444 e Porto com 689. Estes números evidenciam que o problema deixou de ser localizado e assumiu uma expressão claramente nacional.
O ministro da Educação, no entanto, prefere não falar destes números, optando por destacar outros. Depois de, numa primeira reação, afirmar que a greve não tinha tido impacto — porque “apenas” metade das escolas teriam encerrado —, veio agora reconhecer o contrário, mas, procurando desvalorizar a participação dos docentes, atribui o fenómeno à adesão dos trabalhadores não docentes.
Esta narrativa, construída em vésperas da reunião marcada para 18 de dezembro e que dá início ao processo de revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD), não é inocente nem circunstancial. Procura passar a ideia de que, no que respeita aos docentes, “está tudo bem”, criando assim o enquadramento político necessário para desvalorizar ou mesmo afastar as questões centrais da valorização da carreira docente. Ficam, desse modo, remetidas para segundo plano, ou apresentadas como desnecessárias, matérias essenciais como a valorização salarial, a recomposição da carreira, os horários de trabalho e a avaliação de desempenho.
Num comunicado emitido à comunicação social, a Fenprof entende que este não é “um ministro distraído ou mal informado”, considerando que “estamos perante um ministro que escolhe fingir que não viu uma greve com expressão nacional, vivida nas escolas de todo o país, com a participação de milhares de docentes e investigadores”. Para a Federação, este é “um ministro que insiste em ignorar a gravidade da falta de professores e a continuada, assumida e sistemática desvalorização da carreira docente”. Em suma, trata-se de “um ministro que tenta legitimar a continuidade de políticas que degradam a escola pública, persistindo, entre outros aspetos, no subfinanciamento crónico da educação, com consequências cada vez mais visíveis para os alunos, para os docentes e para o próprio futuro do sistema educativo”.