Covid-19 — "Nós, docentes aposentados, não deixaremos de estar presentes na difícil luta política que se anuncia" (2020)

2 de abril de 2020

Estamos todos preocupados. Com o presente e com o futuro.

O combate à pandemia que assolou todo o mundo terá como consequência uma grave crise económica, social e talvez mesmo política, de contornos globais. Crise que certamente nos atingirá a todos. O que não poderá acontecer é repetir-se o que aconteceu (em Portugal, mas não só) na crise de 2010-2016: como todos os números inequivocamente sustentam, a crise foi paga por uma grande maioria de trabalhadores e pensionistas, sobretudo da classe média, que sofreram cortes substanciais nos seus rendimentos, as passo que cresceram a riqueza e os lucros de agiotas e exploradores, organizados em poderosas corporações. Verificou-se no final da crise o acentuar das desigualdades sociais entre países e dentro de cada país. Nós, docentes aposentados, não deixaremos de estar presentes na difícil luta política que se anuncia.

A crise que atravessamos está a obrigar a um colossal esforço do nosso serviço nacional de saúde (SNS) que até agora tem respondido de forma eficaz ao violento surto epidémico, resultado tanto mais surpreendente se tivermos presente o violento desinvestimento que o SNS sofreu no consulado de Passos Coelho e o investimento insuficiente nos anos do governo de António Costa.

Constata-se que em tempos de crise desaparecem os panegíricos discursos sobre a bondade do “mercado”, a excelência do privado, a inutilidade do Estado e é a este que a sociedade recorre para responder às gigantescas dificuldades. É preciso que isto mude, é tempo de pôr fim ao reinado todo-poderoso do “mercado” e das suas nefastas políticas, reafirmando que só um forte setor público na economia e na vida social garante a democracia, a justiça social e a realização do que mais nobre o homem tem para oferecer: a solidariedade que conduza à igualdade. Vamos a isto!

Maria Helena Gonçalves, in #FENPROFemtuacasa

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